Na próxima quarta-feira 20/10, cinco pesquisadoras/es do LabCidade apresentam trabalhos no Simpósio Internacional de Iniciação Científica e Tecnológica da USP (SIICUSP). Os trabalhos foram desenvolvidos dentro do laboratório nos últimos dois anos, enquanto os estudantes de graduação atuaram como bolsistas de iniciação científica.
Pela manhã, das 8 às 9h50h, na mesa 4, que discute o centro de São Paulo, habitações e debates, Ulisses Alves de Castro apresenta ZEIS na Área Central de São Paulo: instrumentos de garantia de direitos ou ameaça à permanência? Com orientação de Raquel Rolnik, o artigo busca entender o papel das ZEIS – um instrumento de demarcação territorial previsto no Plano Diretor Estratégico da cidade – na atuação contra os despejos e remoções coletivas que vêm ocorrendo na cidade. “É importante notar que embora o número de casos de remoção em ZEIS no centro não seja significativamente grande quando comparado a todo o universo levantado, a ocorrência desses casos já representa, por si, uma situação de excepcionalidade que não deveria estar ocorrendo, uma vez que uma das motivações para a demarcação de ZEIS é justamente garantir a permanência da população moradora no local”.
Na mesma mesa, Mariana de Freitas Andrade apresenta “As ocupações de moradia e a disputa pelo território central da cidade de São Paulo”, com a orientação de Isadora de Andrade Guerreiro. Na pesquisa, Mariana conta que a relação entre as ocupações e os órgãos estatais varia muito dependendo do governo. ”Sob certas administrações da cidade os movimentos de moradia apresentam mais abertura para estabelecer um diálogo com as autoridades, conseguindo permanecer mais nos prédios ocupados e conquistando mais programas que visam solucionar o déficit habitacional. Já em outros momentos o diálogo se torna mais difícil, causando fortes repressões sobre as ocupações, assim como despejos violentos, com uso da força policial – fato que se intensificou nos últimos anos”.
Também na mesa 4 sobre o Centro de São Paulo, Pedro Pires, com orientação de Paula Santoro, apresenta “Habitação no Projeto de Intervenção Urbana Setor Central de São Paulo: solução habitacional ou estímulos à produção imobiliária?”, trabalho que pretende compreender o modelo da política habitacional proposta pelo Projeto de Intervenção Urbana Setor Central (PIU-SCE) em São Paulo, identificando quais instrumentos urbanísticos disponibilizam incentivos urbanísticos, como funcionam – se mobilizam direitos de construir, imóveis públicos ou recursos. “A proposta habitacional do PIU-SCE parece inverter a lógica da produção pública da habitação anterior ao delegar a transformação do território e a construção de novas unidades habitacionais aos privados, por meio de incentivos e descontos – como a mobilização de terras públicas para abrigarem a transformação urbana pretendida, bônus em direitos de construir em troca da entrega de unidades habitacionais produzidas pelo mercado imobiliário privado, além de outros descontos na aquisição dos direitos de construir – para que a produção de unidades habitacionais se dê através dos privados, sem os recursos passarem pelos fundos públicos”.
Na mesa 24 (18-19h50), sobre Questões e transformações urbanas, Guilherme Lobo Pecoral apresenta “Conflitos socioterritoriais e produção do espaço na Região Metropolitana de São Paulo”, com orientação de Raquel Rolnik. A pesquisa teve como objetivos (i) a colaboração na construção e alimentação da base de dados do Observatório de Remoções; (ii) a participação em redes de resistência contra remoções; (iii) a produção de textos divulgando resultados da pesquisa e (iv) a colaboração na discussão de estratégias de pesquisa, dados e análises, sempre
Coletivamente. A pesquisa constatou, junto às análises compartilhadas pelo LabCidade, “que a pandemia representou, antes que motivo de sensibilização do poder público, uma brecha para o avanço de uma política de descaso com a vida, representada pela persistência das remoções e despejos nesse período, bem como pelo avanço de uma pauta urbanística excludente daqueles que mais precisam de melhoras em sua condição habitacional”.
Por fim, Paula Victória Santos Gonçalves de Souza apresenta “Guia de Colaborações Acadêmicas – Parcerias entre municípios e Instituições de Ensino Superior”, com orientação de Paula Freire Santoro. A pesquisa, realizada a partir da produção da cartilha de mesmo nome coordenada por Fernanda Accioly Moreira no LabCidade, busca elucidar quais os caminhos possíveis para viabilizar parcerias entre municípios e Instituições de Ensino Superior (IES), pautadas no tripé do ensino, pesquisa e extensão. O Guia de Colaborações Acadêmicas – Parcerias entre Municípios e Instituições de Ensino Superior, a ser publicado no início de 2022, destaca o importante impacto decorrente de tais parcerias tanto para os municípios e sua população, quanto para a formação dos estudantes do ensino superior das mais distintas áreas do conhecimento, ao lidar com problemas de desafios concretos. “As colaborações acadêmicas ainda são pouco difundidas e conhecidas no território brasileiro e vistas como processos extremamente burocratizados, mas podem ser um ponto crucial da formação acadêmica, uma vez que possibilitam a vivência de experiências que ultrapassam a sala de aula e permitem a aplicação do conhecimento acadêmico no âmbito da sociedade sendo este um importante passo para o alcance dos Objetivos do Desenvolvimento Sustentável.”
Além das apresentações, Paula Santoro e Raquel Rolnik, coordenadoras do LabCidade, participam também como mediadoras de algumas mesas. Confira a programação do LabCidade abaixo:
O Simpósio Internacional de Iniciação Científica e Tecnológica da USP (SIICUSP) é um evento realizado anualmente que tem como objetivo divulgar os resultados dos projetos de pesquisas científicas e tecnológicas realizadas por estudantes de graduação da USP e de outras instituições nacionais e estrangeiras, bem como contribuir para a formação dos participantes.
Confira a participação do LabCidade no SIICUSP:
8h – 9h50
Mesa 4 – O centro de São Paulo, habitações e debates
Mediadores – João Meyer e Flávia Brito
- Ulisses Alves de Castro – ZONAS ESPECIAIS DE INTERESSE SOCIAL NA ÁREA CENTRAL DE SÃO PAULO: INSTRUMENTOS DE GARANTIA DE DIREITOS OU AMEAÇA À PERMANÊNCIA?
- Mariana de Freitas Andrade – AS OCUPAÇÕES DE MORADIA E A DISPUTA PELO TERRITÓRIO CENTRAL DA CIDADE DE SÃO PAULO
- Pedro Del Bel Pires – Habitação no Projeto de Intervenção Urbana Setor Central de São Paulo: solução habitacional ou estímulos à produção imobiliária?
Mesa 5 – Urbanismo e questões imobiliárias I
Mediadores – Paula Freire Santoro e João Sette Whitaker
10h – 11h50
Mesa 10 – Urbanismo e questões imobiliárias II
Mediadores – Paula Freire Santoro e Raquel Rolnik
18h-19h50
Mesa 24 – Questões e transformações urbanas
Mediadores – Beatriz Bueno e Maria de Lourdes Zaquim
- Guilherme Lobo Ferraz Pecoral – Conflitos socioterritoriais e produção do espaço na Região Metropolitana de São Paulo
Mesa 23 – Pesquisa e extensão universitária
Mediadores – Eduardo Costa e Renato Cymbalista
- Paula Victória Santos Gonçalves de Souza – Guia de Colaborações Acadêmicas – Parcerias entre municípios e Instituições de Ensino Superior
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