Atualmente, o observaSP é um projeto que investiga a transformação de diversas cidades brasileiras e sua correlação com transformações urbanas ao redor do mundo, com equipes de pesquisa em São Paulo e região metropolitana, em Belo Horizonte e em Salvador.
1. Reestruturação Urbana
Uma das linhas de pesquisa permanentes do observaSP são os processos de reestruturação urbana a que estão submetidas as principais cidades brasileiras, especialmente a partir de intervenções, operações, parcerias, instrumentos de regulação urbanística e projetos propostos para viabilizar essas transformações. As análises em torno desse processo normalmente levam em conta como as dinâmicas territoriais são impactadas pelas intervenções, que setores da sociedade se beneficiam e quais os interesses que motivam essa reestruturação. Servem como objeto de estudo desse eixo de pesquisa os Projetos de Intervenção Urbana (PIUs), as Operações Urbanas Consorciadas, as Parcerias Público-Privadas (PPPs), as concessões urbanísticas, dentre outros. Têm ficado evidente, ao longo dos anos de pesquisa, que a transformação formal da cidade, mediada e articulada pelo Estado, atende a determinados interesses privados, em detrimento de interesses de populações mais vulneráveis.
2. Territórios populares
Tanto as áreas de expansão periférica como as áreas centrais são alvo de intervenções, que incidem de forma intensa sobre as formas prévias de ocupação destes locais e suas populações. Entender como os territórios populares são afetados pelos processos de reestruturação urbana, levando também em conta aspectos de raça e gênero, é uma das nossas frentes de pesquisa. Essa pesquisa tem evidenciado o porquê de não ser mais possível tematizar a “periferia” nem mesmo as “favelas” como algo homogêneo oposto de forma dual ao “centro”, uma vez que esses processos têm modificado de forma extremamente diversa e complexa a geografia das grandes cidades brasileiras.
2.1 Periferias contemporâneas
Com o objetivo de atualizar a compreensão das formas contemporâneas de desigualdade socioterritorial na metrópole, busca-se aprofundar o entendimento em torno dos processos de expansão urbana nas periferias e das dinâmicas socioterritoriais periféricas.
2.2 Disputas socioterritoriais em áreas centrais
Os grandes centros urbanos são marcados por uma imensa variedade de modos populares de morar, que são constantemente ameaçados por novas frentes de reestruturação urbana, somadas a fortes ações militarizadas e a outras formas de ação violenta do Estado.
3. Práticas insurgentes de apropriação do espaço urbano
As práticas insurgentes de apropriação de espaços públicos e privados que se multiplicam em São Paulo nos últimos anos são um tema especialmente relevante no contexto atual em que as Operações Urbanas, os grandes projetos e as parcerias público-privadas se consolidam como modelos predominantes de transformação urbana nas metrópoles brasileiras. A ação de coletivos, movimentos sociais e grupos da sociedade civil que vêm tomando esses espaços aponta para outras formas de produção da cidade, fortalecendo a noção da cidade como um bem comum e criando uma forma de enfrentamento das novas (e velhas) frentes de expansão do capital.
4. Financeirização da produção do espaço e da habitação
Diversos são os trabalhos que investigam a globalização financeira e, dentre estes a importância crescente da associação do circuito financeiro ao circuito imobiliário. Essa conexão vem impondo sua lógica sobre o destino dos lugares, ao submeterem as definições das formas de uso e características de ocupação do espaço às necessidades de rentabilidade desses ativos. Há uma interdependência entre o setor imobiliário, as finanças e o Estado espalhada pelo mundo, que ocorre através da ação dos chamados global players: fundos de investimento e empresas imobiliárias transnacionais que adentram em mercados financeiros, como forma de diversificar ativos e mitigar riscos, mas também para penetrar em localizações geográficas onde não têm presença, capilarizando-se territorialmente. As pesquisas realizadas no observaSP levam em conta a entrada desses capitais nas cidades brasileiras o quanto eles submetem a produção do espaço à sua lógica financeirizada.
5. Cidade, gênero e interseccionalidades
A pesquisa tem como objetivo subsidiar a reflexão crítica acerca de formas de planejamento contra hegemônicas, introduzindo conceitos, teorias e práticas no campo do planejamento urbano que incorporam gênero e marcadores sociais da diferença como categoria de análise do território. Veja todos os posts relacionados ao assunto.
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