No último dia 17 de julho, a Ocupação Douglas Rodrigues sofreu um incêndio que atingiu um quarto de seus domicílios. A causa da tragédia, que causou a morte de dois moradores do assentamento, ainda é desconhecida, mas se sabe que o fogo teve inicio em um local bem central do terreno, sob uma antiga estrutura de galpão, onde haviam domicílios construídos com madeirite, que fez com o incêndio se alastrasse rapidamente.
No dia seguinte à tragédia, o Movimento Independente de Luta por Habitação da Vila Maria (MIVM) conseguiu com o Prefeito Fernando Haddad a retirada dos escombros, demolição e remoção da estrutura comprometida do antigo galpão e o nivelamento o solo do terreno, ações que foram realizadas pela Subprefeitura de Vila Maria/ Vila Guilherme.
Foto durante intervenção da Subprefeitura: nuvem de poeira das demolições.
O Observatório de Remoções já vinha trabalhando com a comunidades na produção de um plano alternativo de medidas emergenciais no terreno, que consiste em drenagem e saneamento. A demanda pelos serviços surgiu no mapeamento do assentamento, realizado na Ocupação em março deste ano, cujos resultados podem ser conferidos aqui. Após o incêndio, e por solicitação do movimento, o Observatório passou também a colaborar no desenho e na estratégia de reocupação da área, auxiliando também nos encaminhamentos para a reconstrução das casas.
As questões envolvidas na reocupação, contudo, não se resumem na construção dos domicílios perdidos e visa sobretudo a melhoria urbanística e ambiental do local de moradia, de maneira geral. A Sabesp havia iniciado um projeto de implantação de rede de abastecimento de água no assentamento, processo que foi interrompido em função do incêndio, mas já retomado uma vez que a empresa se comprometeu, junto aos moradores representados pelo movimento de moradia, a prosseguir na implantação da rede de água assim que os domicílios forem reconstruídos, e ainda construir três pontos para conexão da coleta de esgoto nos acessos ao terreno.
Foto durante intervenção da Subprefeitura: escombros antes de ser retirados.
Com a construção dos pontos de conexão de rede esgoto fez surgiu a necessidade de uma rede interna de esgoto, a ser conectada nesses coletores da rede pública. Colocada então esta necessidade, pelo movimento ao Observatório de Remoções, um engenheiro ambiental especialista em tratamentos alternativos de saneamento foi convidado a participar do plano de melhorias das moradias do assentamento, para definir a solução mais adequada, barata e rápida, dada a emergência e elaborar um estudo para essa rede.
Em relação à reconstrução dos domicílios, 250 voluntários, da ONG Teto-Brasil construirão 25 das 350 casas necessárias para acolher as famílias desabrigadas pelo incêndio. As 25 casas serão destinadas as famílias mais vulneráveis. Na semana passada, os lotes foram demarcados e muitas famílias já iniciaram a construção de suas casas, mas o mutirão organizado pela ONG ocorrerá no final de semana dos dias 24 e 25 de setembro.
Foto posterior à intervenção da Subprefeitura: piso do terreno nivelado com terra e entulho. Os pilares do antigo galpão permanecerão.
Para a viabilização de recursos para as obras, seja para a reconstrução das casas, seja para a implantação da rede de saneamento, a Ocupação Douglas Rodrigues contará com o apoio da organização não governamental Juntos.com.vc., que se dispôs a organizar uma campanha de financiamento coletivo em parceria com o Observatório de Remoções e com a ONG-Teto Brasil, elaborando também uma estratégia de arrecadação de doações de materiais de construção para a rede de esgoto. Agora resta lançar a campanha, trabalhar em conjunto com a Sabesp para implantar a água e o esgoto no assentamento e organizar os mutirões! Assim a Douglas Rodrigues resiste, se reconstruindo em outro patamar e garantindo, já, melhores condições para seus moradores.
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