By / 10 de outubro de 2022

Bolsonarismo perde espaço em São Paulo e no Rio de Janeiro

Por Pedro Rezende e Raquel Rolnik*

No primeiro turno das eleições de 2018, a maioria dos votos válidos nas metrópoles de São Paulo e do Rio de Janeiro foram dados a Jair Bolsonaro, que se elegeu presidente. Agora, no primeiro turno de 2022, este cenário mudou: o bolsonarismo perdeu espaço nas duas maiores cidades do país. O LabCidade mediu essa mudança a partir da variação dos votos no candidato petista (Haddad em 2018 e Lula em 2022) e de Bolsonaro.

Em São Paulo, vemos um crescimento generalizado do voto no candidato petista, chegando a superar 400% de aumento em bairros como Alphaville, Moema, Itaim Bibi e Santo Amaro. Esses bairros despontaram em 2018 como principais redutos bolsonaristas da cidade, indicando que Bolsonaro perdeu espaço “em casa” em 2022. As maiores perdas relativas de Bolsonaro aconteceram nos bairros de Pinheiros e na Bela Vista, mas sua queda também foi generalizada. Onde houve aumento do voto em Bolsonaro, em algumas regiões das periferias, houve um aumento ainda maior do voto petista.

No Rio de Janeiro observamos um padrão semelhante. O voto petista cresceu em toda a cidade, superando os 400% em áreas como Barra da Tijuca, Recreio dos Bandeirantes, Madureira, Jacarepaguá e no centro de Niterói. Muitas dessas regiões deram percentuais altos a Bolsonaro em 2018. Já o voto bolsonarista tem queda relativa maior nas zonas Central, Sul e Norte do Rio. Mais uma vez, onde o voto em Bolsonaro cresce, esse crescimento é superado pelo voto petista.

Mesmo em bairros onde Bolsonaro continua apresentando bom desempenho eleitoral, como Tatuapé, Santana e Moema (SP) e Barra da Tijuca (RJ), o voto petista cresce e o voto bolsonarista cai. A leitura destes mapas nos permite ir além das leituras que identificam apenas os vencedores do pleito nas cidades, mostrando que nas duas principais metrópoles do país o antibolsonarismo é um movimento generalizado presente em bairros mais centrais e periferias e com margem para crescer.

* Pedro Rezende é pesquisador do LabCidade; e Raquel Rolnik é professora FAUUSP e coordenadora do LabCidade.


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