Em outubro, alunos de graduação da USP que desenvolvem pesquisas com bolsa de Iniciação Científica vinculada ao LabCidade apresentaram projetos na primeira etapa do 30º Simpósio Internacional de Iniciação Científica e Tecnológica da USP (SIICUSP). O trabalho de Luiza Pavanelli Mateo, que desde abril de 2021 desenvolve sua produção acadêmica sobre a metodologia de cartografias e os impactos da pandemia, foi selecionado para a etapa internacional e apresentado em 1º de dezembro.

Orientado pela urbanista Raquel Rolnik, a graduanda de arquitetura e urbanismo apresentou o trabalho “Cartografias experimentais no enfrentamento à pandemia”, que está inserido em um projeto mais amplo, aprovado no Edital de Apoio a Projetos Integrados de Pesquisa em Áreas Estratégicas (PIPAE) da PRPI USP. A pesquisadora centrou-se na construção em conjunto de uma série cartográfica do distrito de São Mateus, na zona leste de São Paulo, a partir do conhecimento do território vivido. Isto foi possível através da aproximação do LabCidade ao projeto de Agentes Populares de Saúde da UNEafro. 

Mapa colaborativo estendido para a atividade vinculado à pesquisa de Iniciação Científica “Cartografias da pandemia de COVID-19 – leituras para políticas públicas e ações territorializadas de prevenção e recuperação”

Para o desenvolvimento das cartografias, foi planejado uma sequência de atividades a serem realizadas por moradores e trabalhadores da região participantes das atividades educacionais dos núcleos UNEafro, que permeavam principalmente dois eixos, ambos conectados com os trabalhos do laboratório e com as questões colocadas para o projeto: o primeiro foi a própria cartografia e suas formas de representação dos territórios; e o segundo foi a leitura de impactos territoriais da pandemia de Covid-19.

Os resultados da cartografia experimental ofereceram algumas respostas e abriram novas possibilidades de pesquisa e de proposição metodológica. Ficou evidente que as representações institucionais são, na maioria das vezes, descoladas da realidade e mobilizam uma linguagem de difícil compreensão. Por isso, o desenvolvimento de cartografias em que agentes locais participem ativamente mostrou-se imprescindível para um olhar mais próximo do território. 

Outro projeto orientado por Raquel Rolnik que foi apresentado na primeira etapa do SIICUSP deste ano é do estudante de direito Guilherme Lobo Pecoral, que desenvolve pesquisas desde 2020 no LabCidade vinculado ao projeto Observatório de Remoções. 

Mapa de ameaças e remoções registradas na Região Metropolitana de São Paulo pelo Observatório de Remoções. Janeiro de 2022

O projeto “Mapeamento e leituras de processos de ameaças, remoções e despejos no contexto de pandemia em São Paulo” constatou que a crise sanitária de covid-19 representou um período de intensa mobilização que levou a uma redução na proporção das remoções em comparação ao período anterior. E esses procedimentos persistiram, adotando certas formas e justificativas para seguir removendo, muitas vezes ilegalmente; além de ter avançado uma pauta urbanística excludente daqueles que mais precisam de melhorias em sua condição habitacional.

A pesquisa também analisou dimensões do Estado e do direito que tiveram protagonismo nesse contexto, tanto na reprodução de violências, quanto de resistências a elas, revelando a existência de uma disputa viva e dinâmica no Judiciário, na política e nos territórios.