Por Paula Freire Santoro, Priscila Izar, Elinorata Mbuya e Carolina Lunetta*

Nesta segunda-feira, dia 06 de novembro, começa o Seminário “Lutas urbanas feministas: corpo, território e política na produção de espaços periféricos”, o primeiro de três seminários de um projeto colaborativo em andamento, de mesmo nome, apoiado pela Urban Studies Foundation. O evento começa cedo, das 8h00 às 16h30 do horário de São Paulo/Brasil ou das 13h00 às 21h30 do horário de Joanesburgo/África do Sul. Será transmitido ao vivo pelo Instituto de Estudos Avançados da Universidade de São Paulo (IEAUSP) e pelo Housing International Coalition (HIC), que disponibilizaram suas plataformas para a realização do evento, e pela Plataforma do LabCidade FAUUSP.

Veja a programação aqui. Venham!

Seu formato inclui palestrantes principais envolvidas em estudos feministas críticos – Verónica Gago (06 nov), Faranak Miraftab (07 nov) e Adriana Allen (08 nov) – todas na hora do almoço do Brasil, 12h30 (não tem desculpa para não vir!), assim como mesas de trabalho de resumos selecionados e a disponibilização de vídeos que contam experiências situadas, trajetórias de vida, entre outras diferentes formas de abordagem das pesquisas e lutas.

Proposto como um seminário científico, pretende enfatizar a agenda de pesquisa urbana sob a abordagem feminista a partir de verbetes temáticos, avançando em novas abordagens teóricas e aspectos metodológicos no cenário científico ou tecnológico do país.

Foram recebidos 181 resumos, de grande qualidade, sinalizando para a procura e o interesse pelo tema, envolvendo autores de vários continentes e países, exigindo a composição de um comitê científico para seleção dos trabalhos.

Procurando contemplar uma gama maior de trabalhos, o evento foi ampliado para três dias, transformado em um seminário inteiramente virtual, e três formatos de divulgação de pesquisa foram habilitados: a apresentação oral dos trabalhos; a publicação dos resumos em anais; e a disponibilização de vídeos sobre trajetórias de vida e de luta, que devem permear o evento e podem ser visitados a posteriori, nas plataformas e no YouTube em uma playlist específica do LabCidade FAUUSP acessível também pelo site do evento no CUBES/ Wits University. Assim, puderam ser aceitos resumos em formatos acadêmicos não tradicionais, que incluem histórias, narrativas, diários, estudos de caso, manifestos, entre outros formatos os quais ajudem a desvendar as diversidades de experiências vividas e trajetórias.

As apresentações estão organizadas por mesas temáticas. Na segunda-feira (06 nov) serão “melhorias urbanas e habitacionais”, “moradia e endividamento”, “habitação” e “mobilidade”; na terça (07 nov) serão “novas epistemologias, ancestralidade, feminismo negro”, “ambulantes, migrantes”, “violências, remoções, resistências”; na quarta (08 nov) será “cuidado”, “quintais, hortas, agricultura”, “infraestrutura, água”, “prostituição”, “queer”, “arte”.

Os resumos envolvem temas como:

  • A construção de novas epistemologias feministas críticas a partir de enquadramentos analíticos amplos que consideram interseccionalidade, transdisciplinaridade e diversidade em relação a gênero e identidades na produção de espaços periféricos;
  • A(s) relação(ões) entre formas variadas de ativismo das mulheres na(s) produção(ões) e apropriação(ões) de espaços periféricos, tanto em contextos urbanos como rurais;
  • Explorações sobre diferentes formas de desapropriação (gradual) devido a despejos forçados, bem como suas lutas, insurgências, (re)construções e potencialidades associadas;
  • Práticas de cuidado e circuitos de solidariedade como resposta a diferentes formas de marginalização social, política e espacial, e como essas práticas moldam os espaços que as mulheres ocupam;
  • Abordagens feministas para a organização social e política, lutas urbanas e transformação espacial;
  • Estudos de caso de produção urbana em diversas escalas a partir de práticas feministas, como hortas comunitárias, sistemas de saúde comunitária, inclusive, em resposta às crises sanitárias relacionadas à Covid-19, entre outras propostas.

Neles, o conceito de periferia em relação à marginalidade do Estado, da sociedade e do mercado em processos de desenvolvimento, presentes em áreas centrais e nas bordas das cidades.

Alguns dos trabalhos poderão ser selecionados para os seminários locais – em São Paulo/Brasil, Joanesburgo/África do Sul e Dar es Salaam/ Tanzânia – que acontecerão em 2024.

(*) O evento é coordenado pela Profa. Priscila Izar, pelo Center for Urbanism & Built Environment Studies – CUBES, da Universidade de Witwatersrand, Joanesburgo/África do Sul e pela Profa. Paula Freire Santoro, do LabCidade da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo (FAUUSP) e pesquisadora do Instituto de Estudos Avançados (IEAUSP), ambos da Universidade de São Paulo/ Brasil, em parceria com a Profa. Elinorata Mbuya, da Universidade Ardhi, em Dar es Salaam/Tanzânia; e da Profa. Carolina Lunetta, do Instituto de Habitação e Estudos Urbanos – IHS, da Universidade Erasmus, em Rotterdam/Holanda.

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