Alguns dias depois que divulgamos mapas das hospitalizações por COVID-19 a partir do CEP, o Ministério da Saúde retirou essas informações do seu portal de dados abertos, o DATASUS. Essa mudança dificulta ainda mais a compreensão sobre a disseminação da pandemia no território brasileiro, limitando inclusive a formulação de estratégias adequadas para seu enfrentamento. Cabe destacar que foram retirados de todos os bancos de dados a variável “CEP”, inclusive das planilhas anteriores, ocultando não somente o presente mas apagando a história.

Essa alteração está conectada a uma estratégia mais ampla de diminuir a transparência dos dados sobre a COVID-19 no Brasil. Muitas críticas estão sendo feitas acerca das informações sobre o total de óbitos e casos confirmados, que passaram a ser omitidos nos boletins diários divulgados pelo Ministério da Saúde.

Também foi alterada a metodologia de contagem, especialmente com relação aos óbitos que inicialmente eram informados a partir da data da notificação, quando confirmados que decorreram de COVID-19. A partir de agora, serão contabilizadas as mortes a partir da data que ocorreram.

Todas essas alterações apontam, por um lado, a tentativa de esconder as informações e dificultar o acompanhamento por parte de ativistas, gestores  e pesquisadores, por outro, uma estratégia de confundir a população e minimizar a gravidade da pandemia.

Uma medida cautelar acolhida pelo Supremo Tribunal Federal em 08 de junho determina que o Ministério da Saúde amplie a transparência dos dados sobre a COVID-19. O texto da medida cautelar entretanto não menciona a supressão da variável CEP dos bancos de dados do DATSUS. A inclusão do CEP é fundamental para leituras territorializadas e portanto para a definição de estratégias que levem em consideração o espalhamento da pandemia em diferentes escalas.