Por Débora Ungaretti*
No último dia 27 de outubro de 2019, 30 famílias, dentre as quais famílias de imigrantes, com idosos e crianças, foram removidas de suas moradias e comércios em um cortiço situado na Av. Duque de Caxias, 820, na região da Luz. Como resultado da execução de uma reintegração de posse que teve início na justiça em 2014, a remoção ocorreu na manhã de um domingo, sem o devido acompanhamento dos órgãos municipais da habitação e da assistência social.
Algumas das famílias, que moravam há mais de quinze anos no local, tiveram que se reinstalar pela região, sendo que a maioria delas passou para situações de maior precariedade e transitoriedade. Sem ter para onde ir, montaram barracos de madeirite embaixo do Viaduto Engenheiro Orlando Murgel, ao lado da Favela do Moinho, cerca de 1,3 quilômetros de onde ocorreu a remoção. Segundo relato de um dos moradores, cerca de 20 famílias foram para esta situação. Como não tinham onde deixar seus pertences, foram encaminhados a depósitos. No entanto, não têm como arcar com os custos para buscar seus pertences e, tampouco, perspectiva de terem alguma moradia dentro de um mês, prazo limite para a retirada dos bens do depósito.
Duas das famílias ouvidas foram para pensões nas proximidades, onde precisaram encontrar quartos compartilhados com outras famílias por conta dos altos custos de aluguel. Uma outra encontrou abrigo na ocupação de moradia próxima dali. Outra das famílias ouvidas foi para a casa de familiares no Distrito de Artur Alvim, mais de 22km da região da Luz.
Contraditoriamente, o cortiço ficava a menos de uma quadra do Complexo Júlio Prestes, conjunto de empreendimentos habitacionais de interesse social e de mercado popular construídos pelo Estado de São Paulo em parceria com a Canopus Holding, em regime de Parceria Público-Privada, que não atendem às populações que vivem em situação de emergência habitacional e social.
Comments are closed for this post.