Dando sequência ao Seminário Internacional Lutas Urbanas Feministas: corpo, território e políticas de produção de espaços periféricos, entre os dias 12 e 15 de março ocorre, no Centro de Pesquisa e Formação do SESC CPF, o Seminário Lutas Urbanas Feministas em São Paulo. O evento é apoiado pela Urban Studies Foundation e organizado pelo LabCidade (FAUUSP) em conjunto com a Universidade de Witwatersrand (África do Sul), a Universidade Ardhi (Tanzânia) e o Instituto Internacional de Gestão Urbana e Habitação da Erasmus Universidade de Roterdã (IHS, Holanda).

Ao longo desses quatros dias, o seminário local aprofundará as discussões e trocas de experiências sobre o protagonismo das mulheres na transformação de seus territórios, incentivando a inovação e a geração de novos saberes e parcerias entre pesquisadores e lideranças femininas.

O evento abre no SESC CPF (Rua Dr. Plínio Barreto, 285 – Bela Vista), no dia 12 de março, com as presenças de professoras universitárias e lideranças comunitárias da África do Sul e Tanzânia. As convidadas irão compartilhar suas lutas e pesquisas que têm como base o protagonismo feminino nestes territórios. Elas são Petunia Mabuza (líder comunitária em Phomolong, África do Sul); Husna Sechongue (coordenadora regional da Federação de Pobres Urbanos, Tanzânia); Shumani Luruli (coordenadora projeto ONG Planact, África do Sul) e Elinorata Mbuya (Ardhi University, Tanzânia). As pesquisadoras e lideranças estarão presentes em todo o evento, incluindo nas rodas de conversa que ocorrerão nos dias subsequentes.

À tarde, ainda no 1° dia do seminário em São Paulo, pesquisadoras africanas e brasileiras juntas e misturadas trarão os debates em torno das metodologias feministas urbanas de pesquisa que envolve métodos e metodologias interseccionais, comparadas e centradas nos territórios e na(s) experiência(s) de vida(s) e de luta(s) das lideranças locais e dos moradores. Neste dia haverá tradução simultânea inglês-português.

Confira as palestrantes:

● Sarah Charton (School of Architecture and Planning, CUBES, University of the Witwatersrand, África do Sul), cujo trabalho que aborda diferentes espaços periurbanos em contextos africanos, na África do Sul e na Etiópia, cujas lógicas – especulativa, de vanguarda, autoconstruída, em transição e herdada – coexistem e foram identificadas a partir de práticas metodológicas de análise comparativa e privilegiando as vozes daqueles que vivem nas periferias urbanas.

● Rossana Tavares (Universidade Federal Fluminense, Brasil) e Diana Helene Ramos (Univ. Federal de Alagoas, Brasil), autoras do livro Feminismurbana, recuperarão investigações recentes em torno da “indisciplina epistemológica” para propor uma virada em torno de pesquisas encarnadas na realidade social, com mulheres como sujeitas de pesquisa e questionamentos do processo científico;

● Paula Meth (Urban Studies and Planning, Glasgow University, Escócia) coordenadora do projeto Living the Urban Periphery: Investment, Infrastructure and Economic Change in African City-Regions (Viver a periferia urbana: investimento, infraestruturas e mudança econômica nas cidades-regiões africanas) cujos trabalhos exploram as experiências cotidianas das cidades do Sul Global, abrangendo questões como o crime, a desigualdade e a política local;

● Gabriela Leandro Pereira (Universidade Federal da Bahia, Brasil) integra o laboratório Lugar Comum da UFBA, no qual coordena o Grupo de Estudos Corpo, Discurso e Território, e trabalha a intersecção de temas vinculados ao urbanismo, questões étnico-raciais, gênero e diversidade, em pesquisas em torno de história urbana, memória, narrativas multimídias, literatura e artes visuais.

● Glória Figueiredo (Univ. Federal da Bahia, Brasil), também convidada, e Paula Santoro (LabCidade FAUUSP, Brasil) mediarão as conversas sobre metodologias.

Visitas em campo

O seminário segue nos dias subsequentes, de 13 a 15 de março, com visitas em campo a territórios protagonizados por lideranças feministas e organizados pelo Centro e as Zonas Leste e Sul da cidade de São Paulo. As visitas irão passar por projetos que envolvem reforma de edifícios de moradia ocupados, mutirões habitacionais, projetos agroecológicos, cozinhas solidárias, entre outras iniciativas. O trajeto será percorrido em um ônibus disponibilizado pela organização do seminário. Durante as visitas, pretende-se com rodas de conversa fortalecer a cooperação científico-acadêmica por meio da troca de conhecimento entre pesquisadores nacionais e internacionais, estudantes nacionais e lideranças femininas atuantes em seus territórios.

Para participar, as inscrições devem ser feitas no site do Centro de Pesquisa e Formação do SESC. O primeiro dia do seminário (12 de março) está disponível aqui. O evento também será transmitido no YouTube do LabCidade. Por conta da limitação de vagas, as inscrições para os três dias de visita em campo já se esgotaram.

Sobre o Seminário Lutas Urbanas Feministas

A ideia do seminário nasce de uma pesquisa mais ampla sob o mesmo título “Feminising Urban Struggles”, apoiada pela Urban Studies Foundation que, além do seminário em São Paulo neste mês de março, realizará outros dois eventos presenciais em Joanesburgo (África do Sul) e Dar es Salaam (Tanzânia), em abril. Os eventos locais são resultados do Seminário Internacional Virtual, realizado em novembro de 2023, que expôs uma agenda de pesquisa urbana sob a abordagem feminista de diferentes nacionalidades a partir de verbetes temáticos que revelaram novas abordagens teóricas e aspectos metodológicos no cenário científico ou tecnológico. A conferência está disponível em sua íntegra nas plataformas do LabCidade e do IEAUSP.

Os seminários tem como objetivos ampliar o debate sobre a luta feminista em territórios periféricos, compreendida como processo contraditório que envolve emancipação feminista; desenvolver treinamento de jovens pesquisadores em metodologias feministas interseccionais; e facilitar a troca de saberes acadêmicos e populares.