O Projeto Observatório de Remoções surgiu em 2012 a partir da iniciativa de pesquisadores do LabCidade, LabHab (FAUUSP) e LabJuta (UFABC). Em 2014 a proposta do observatório como projeto de pesquisa/extensão foi apresentada à Fundação Ford pelo LabJuta e LabCidade, com a colaboração da UNILA com o objetivo central monitorar, analisar, compreender e incidir sobre os processos coletivos de remoções em curso, em diferentes regiões metropolitanas do país, de forma a identificar não apenas quem são os atingidos e quais os impactos sobre suas vidas, como também a natureza dos processos, políticas e programas que removem, no quadro das atuais conformações sociais, econômicas e políticas globais e do país.

Com o apoio financeiro da Fundação Ford inicia-se uma nova fase do projeto, que desde 2015 se desenvolve sob a coordenação do LabCidade, envolvendo uma rede metropolitana e nacional de parceiros. Atualmente essa rede é composta, além do próprio LabCidade, pelos laboratorios Praxis (UFMG), Laboratório de Estudos da Habitação – LEHAB (UFC), Lugar Comum (UFBA), Grupo de Pesquisa Labá – Direito, Espaço & Política, da FND (UFRJ), Laboratório de Justiça Territorial – LabJuta (UFABC), Laboratório de Estudos e Projetos Urbanos e Regionais – LEPUR (UFABC) e Observatório de Conflitos Fundiários do Instituto das Cidades (UNIFESP).

Uma das atividades centrais do projeto é o Mapeamento das Remoções e das Ameaças de Remoções. O mapeamento atualiza periodicamente informações sobre processos de remoção ou ameaças de remoções e deslocamentos forçados, captadas com diferentes metodologias, para publicizar uma problemática social pouco explorada e invisibilizada historicamente nas cidades e regiões metropolitanas pesquisadas. O mapeamento é desenvolvido a partir de dados oficiais e, também, de forma colaborativa, em diferentes escalas, mobilizando diferentes metodologias e contando com a participação em rede de diversos atores, especialmente, instituições públicas atuantes na prevenção, denúncia e acompanhamento dessas situações, como: Defensoria Pública e Ministério Público do Estado de São Paulo, organizações não governamentais de defesa de direitos humanos, movimentos sociais e profissionais engajados na luta pelo direito à moradia. As informações obtidas são sistematizadas e compartilhadas nesta plataforma.

Para compreender melhor os processos presentes no mapeamento, adotamos outras escalas de análise e ação,   trabalhando a partir de estratégia de pesquisa/intervenção que envolve não apenas olhar para as remoções em seu conjunto, mas entender as dinâmicas que as geram em suas especificidades locais. Assim, o “Observando de perto” passou então a integrar a metodologia de trabalho sobretudo a partir de 2016, quando, pela combinação de estratégias de pesquisa in loco passamos a observar, analisar e refletir sobre os enlaces concretos entre as formas de morar presentes no território popular e as dinâmicas, processos, políticas, programas e projetos urbanos que se desenrolam no âmbito de parcerias entre o setor privado  e o Estado.

Os territórios onde atuamos em rede constituem frentes de articulação política e de incidência sobre o debate público. Neles buscamos constituir novas plataformas de engajamento cívico, com atuação dentro e fora das institucionalidades e, também, produzir novas narrativas sobre os territórios objeto de discriminação e ação violenta, a exemplo do Fórum Mundaréu da Luz na Cracolândia.

Mais recentemente, atuamos na constituição de uma Frente de Defesa e Permanência das Ocupações do centro de São Paulo; na Constituição da Rede Contra Remoções do ABC, denunciando e resistindo a processos de remoções, muitos delas realizadas sem processo judicial; no caso do Monotrilho no Subúrbio Ferroviário de Salvador (BA) problematizando os efeitos desse projeto; na Comunidade Titanzinho, região do Serviluz, Fortaleza (CE) em que teve papel fundamental no impedimento desta ameaça de remoção, cuja resistência foi protagonizada pelos próprios moradores; ou na atuação em conjunto às Brigadas Populares, formando moradores das Ocupações na cidade do Rio de Janeiro (RJ).